Quando eu morei em Curitiba, eu
estava com 11 anos de idade, já tinha visto o homem com cara de passarinho e o
menino-peixe em Belém.
Lá em Curitiba, um dia, já anoitecendo, eu estava na janela do quarto olhando no poente o clarão do sol, já indo embora entre as nuvens. Eu adoro fazer isso! O céu estava cor de rosa e foi escurecendo, já quase não se vendo mais a sua luz e cor. Então, de repente, uma bola de fogo rolou pelo céu no sentido da cerca do nosso jardim, deixando faíscas atrás dela, como aquelas faíscas que saem quando se está soldando alguma coisa.
Lá em Curitiba, um dia, já anoitecendo, eu estava na janela do quarto olhando no poente o clarão do sol, já indo embora entre as nuvens. Eu adoro fazer isso! O céu estava cor de rosa e foi escurecendo, já quase não se vendo mais a sua luz e cor. Então, de repente, uma bola de fogo rolou pelo céu no sentido da cerca do nosso jardim, deixando faíscas atrás dela, como aquelas faíscas que saem quando se está soldando alguma coisa.
Eu gritei, chamando todo
mundo para ver aquilo, mas já tinha passado, se apagado. Foi rápido. Contei
para o meu avô e ele disse: “Não foi
nada! Foi relâmpago”.
Aquilo ficou muito tempo na
minha cabeça. E não foi nada de relâmpago... Não estava ameaçando chuva, o céu
estava limpo e lindo, e ficou por isso mesmo.
Lá em Curitiba, nós
morávamos no bairro do Bacacheri. Na nossa frente, atravessando a rua, tinha um
campo aberto onde ficava uma escola. Foi aí nesse campo que o meu irmão achou
uma pedra branca (não transparente, era leitosa). Ele pegou a pedra e trouxe
para casa. Ninguém sabia disso, só ele. Um dia de chuva, tempestade “daquelas”,
com relâmpagos, raios e trovões, nós fomos para o quarto.
Quando chovia assim, nós
ficávamos todos quietos, com medo, sentados no chão, porque segundo uma tia
nossa, a única maneira se se livrar dos raios era não ficar em pé. Ela dizia
que somos elétricos e que quando estamos em pé nos tornamos verdadeiros
para-raios. Então ninguém ficava em pé quando tinha chuva com raios e trovões.
Ela dizia: “Se tiver em casa, é sentar no
chão. Se estiver em campo aberto,
baixar a cabeça, tampando a nuca. A cabeça baixada inclina o nosso cristal, a pineal."
Desde pequenos nós sabemos
disso, então nós estávamos seguindo os ensinamentos dela, todos sentados no
chão do quarto. A chuva lá fora caía forte, os trovões estremeciam tudo e o
vento fazia “zuuuummmmmm” nas janelas de madeiras do chalé. Foi aí que nós
ouvimos... ROOOLLL (uma coisa rolando). Eu perguntei: “O que é isso?”. E a minha irmã disse: “Parece que é naquela gaveta ali”.
Meu irmão se arrastou pra
lá, para junto do criado mudo. Abriu a gaveta devagar, olhou dentro e disse: “Olha! É a minha pedra! Está cor de rosa, ascendendo e apagando!”
E de novo o barulho... ROOOLLL. E ele rápido fechou a gaveta com um empurrão, gritando:
“A pedra rolou!... A pedra rolou!...”
Saímos todos do quarto,
engatinhando com medo. Meu avô viu a confusão e perguntou: “O que foi isso?”. E o meu irmão disse: “Vovô, a pedra esta rolando na gaveta!”
Meu avô: “Que pedra?”
- A que eu juntei lá no campo.
E o meu avô falou: “Foi
trovão”
Meu avô era assim, não
acreditava em nada. Ficamos sentados bem juntos no chão da sala. E eu disse
para o meu irmão:
- A tia falou que nós não devemos pegar nada da natureza sem pedir
licença. Não foi? Pediste licença?
- Eu esqueci – ele respondeu.
- Agora, tá aí!
- Tu vais jogar essa pedra fora amanhã na hora
da escola, lá onde tu pegaste. Tu te lembras onde foi?
Ele disse que achava que
sim, que se lembrava. Então minha tia deu mais instruções pra ele:
- Agora pedes desculpas para
pedra, e diz que tu vais colocar ela lá no lugar dela.
Ele se desculpou com a
pedra e prometeu que iria devolvê-la para o seu lugar, de onde ele tinha tirado.
Foi difícil dormir aquela noite, com aquela pedra na gaveta. E, para garantir que ela não saísse de lá, colocamos o criado mudo, onde ela estava, virado para parede, bem encostado, para a gaveta ficar fechada.
Foi difícil dormir aquela noite, com aquela pedra na gaveta. E, para garantir que ela não saísse de lá, colocamos o criado mudo, onde ela estava, virado para parede, bem encostado, para a gaveta ficar fechada.
No outro dia, ele colocou a
pedra lá no lugar onde achou, e não sabia dizer porque pegou a pedra de lá do
chão. A pedra não tinha nada de especial e nem era bonita, era irregular e bem
feia, deformada.
Ninguém pegou a pedra com a
mão na hora de leva-la pra lá, mas com uma fronha de travesseiro. Primeiro a colocamos no jornal, embrulhamos, colocamos na capa do travesseiro e depois
em um saco de pano. E lá no campo desembrulhamos tudo e colocamos no lugar e
dissemos: “Desculpa, pedra.”
Até hoje, todos adultos já,
nós não pegamos nada da natureza sem pedir licença. Não entramos no mato, no
rio, na praia, em estradas, sem pedir licença. Isso porque, desde pequenos, fomos
ensinados que todo lugar tem morador e a natureza deve ser respeitada. Esse episódio da
pedra serviu de lição para todos nós.
A minha tia era assim, nos
ensinava essas coisas. Diziam que ela era uma bruxa. Mas eu achava que ela era
uma pessoa iluminada, isso sim. Ela fazia cada coisa inacreditável, e sabia
tudo.
Quando eu tinha sete anos, ela me falou
sobre os Exilados de Capella, extraterrestres que vieram aqui para Terra fundar
uma colônia que deu origem a uma das vertentes da nossa humanidade.
Ela dizia que outras
civilizações, de outros lugares do Universo, vieram também e deram origem a
outras raças, por isso a Terra é tão rica em povos e culturas.
Fui criada assim, cheia de
historias lindas sobre estrelas, ET’s e planetas. E aí, um belo dia, me chega uma
moçoila que se diz ser ET de Capella, que se chama Etnéia, e começa a me contar
coisas, parecendo a minha tia. Por isso e por outras coisas eu vim parar aqui,
contando essas historias que aí estão, para vocês. Sempre tive muita ligação com
o céu. Eu olhava o céu e sabia onde estavam seus astros e estrelas, porque a
minha tia era um verdadeiro mapa vivo do céu.
Quando essa moça apareceu,
eu comecei a estudar seriamente os fenômenos extraterrestres e aprender com ela
coisas que jamais imaginei um dia saber. A minha tia sabia muita coisa, mas a
Etnéia me esclareceu e ensinou muito mais e continua ensinando.
Acho que agora eu aproveito
melhor as coisas. No tempo da minha tia eu era muito criança e ela me contava
essas coisas como se fossem histórias. Imagina que, se eu soubesse o que eu sei
agora, na época daquela pedra, que ascendia uma luz cor de rosa e rolava na
gaveta em dias de tempestades, se eu ia jogar ela fora... Ia nada! Antes eu iria investigar, saber o quê era aquilo. Estudar o fenômeno.
Um corisco, não era (o que
chamamos corisco é a pedra do raio). A Etnéia me mostrou um corisco que ela
tem, que é grafite e parece ter uns pedacinhos reluzentes dentro dele. Ela
disse que ele atrai raios e costuma se iluminar nas tempestades cheias de
relâmpago. Só que aquela era branca,
leitosa, de uma certa transparência central, porque dava para ver a luz cor de
rosa dentro dela.
A Etneia disse: “Pela descrição que você faz deste episódio, Ana de Capella, era um quartzo rosa, e o quartzo costuma se eletrificar também.”
Só que a pedra não estava no tempo, estava dentro da gaveta do criado mudo. Não sei o que foi aquilo.
A Etneia disse: “Pela descrição que você faz deste episódio, Ana de Capella, era um quartzo rosa, e o quartzo costuma se eletrificar também.”
Só que a pedra não estava no tempo, estava dentro da gaveta do criado mudo. Não sei o que foi aquilo.
A minha vida sempre foi
assim, cheia de acontecimentos inusitados, por isso resolvi dividir essas
coisas com vocês.